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Mercado brasileiro de fertilizantes especiais deve quadruplicar em até 10 anos

Conforme projeção da Abisolo, setor deve movimentar, em 2035, até R$ 990 bilhões em valor agregado à agricultura

Segundo Roberto Levrero, fertilizantes especiais permitem aliar produtividade e menor impacto ambiental – Foto: Sabrina Nascimento

O mercado brasileiro de fertilizantes especiais deve crescer quase quatro vezes na próxima década, movimentando até R$ 990 bilhões em valor agregado à agricultura. A projeção é da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo). A estimativa representa uma aceleração em relação ao desempenho atual do setor, que já responde por cerca de R$ 245 bilhões em valor gerado para o agronegócio nacional.

Somente em 2024, o setor registrou a entrega de 8,9 milhões de toneladas de fertilizantes especiais sólidos e 117,5 milhões de litros de produtos líquidos no Brasil, apenas com base nos dados das mais de 140 empresas associadas à Abisolo. 
No período, o volume de fertilizantes sólidos aumentou 10,2% em relação ao ano anterior, enquanto os líquidos cresceram 4%. Isso, segundo a entidade, demonstra um ritmo de expansão constante mesmo em um cenário de incertezas climáticas e de mercado. “O setor está realmente se consolidando, e a importância que ele vem ganhando impacta diretamente o agricultor, seja no preço das commodities naquele momento ou custo do manejo”, salienta Roberto Levrero, presidente da Abisolo. 
O que são fertilizantes especiais?
Fertilizantes especiais são produtos diferentes dos fertilizantes comuns porque oferecem algo a mais para ajudar as plantas a absorver melhor os nutrientes. Além disso, duram mais tempo no solo e há uma facilidade na hora da aplicação. 
Eles podem ser feitos com ingredientes naturais (orgânicos) ou minerais, e são usados de várias formas — jogados no solo, aplicados nas folhas, misturados na água da irrigação ou usados em sementes. 

No caso dos orgânicos, muitos desses produtos trazem benefícios extras, como melhorar a saúde do solo ou estimular o crescimento das plantas — é o caso dos biofertilizantes. Já entre os fertilizantes minerais, são considerados especiais os que têm substâncias que ajudam na absorção dos nutrientes, os que se dissolvem totalmente em água ou os que liberam os nutrientes aos poucos, de forma controlada. “São ferramentas de alta precisão que permitem que a planta expresse seu potencial genético com maior eficiência, sustentabilidade e produtividade”, explica Levrero.

A sustentabilidade, citada pelo presidente da Abisolo, é um fator de extrema importância quando se fala em fertilizantes especiais, pois, muitas das tecnologias são desenvolvidas para contribuir com a redução da pegada de carbono. Com isso, os produtos servem para atender às exigências de mercados internacionais. “Mostramos que é possível ter alta produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto ambiental, com produtos desenvolvidos muitas vezes com matérias-primas reaproveitadas no próprio país”, afirma.

Desafios
Apesar das perspectivas promissoras, o setor de fertilizantes especiais enfrenta desafios relevantes, principalmente no campo regulatório e da segurança jurídica. “Ainda existem muitas dúvidas em relação à classificação e regulamentação desses produtos. Avançamos muito, mas precisamos garantir estabilidade para que a indústria continue investindo em inovação”, disse o presidente da Abisolo.

Além disso, fatores como o crédito agrícola, a volatilidade dos preços das commodities e as condições climáticas impactam diretamente as decisões de compra dos produtores. 

Mesmo assim, Levrero reforça que os fertilizantes especiais representam uma nova etapa na agricultura brasileira, com ganhos concretos de produtividade, maior eficiência no uso de nutrientes e redução do impacto ambiental. “Com a adoção crescente dessas tecnologias, economizamos o equivalente a 5,8 milhões de hectares de área produtiva nos últimos anos, sem precisar avançar sobre novas fronteiras agrícolas”, afirma.

Ainda conforme a Abisolo, estados como Mato Grosso, São Paulo, Goiás e Paraná lideram o uso de fertilizantes especiais. Mas regiões como o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) já começam a despontar como novas fronteiras de adoção dessas soluções. “O agricultor está mudando o jeito de pensar, buscando tecnologias mais inteligentes para extrair o máximo da lavoura com menos insumo e mais valor agregado. E os fertilizantes especiais são protagonistas nesse movimento”, ressalta o dirigente.

Fonte: agro.estadao

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