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Chuva abaixo da média preocupa mercado do café e acumulado em outubro é o menor dos últimos 4 anos na região de Três Corações/MG

Os preços do café seguem em alta, refletindo as crescentes preocupações com o clima no Brasil e a redução dos estoques monitorados pela ICE. Na quarta-feira, os estoques de arábica caíram para a mínima de 19 meses, com 465.910 sacas, enquanto as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos às importações de café brasileiro continuam restringindo a oferta americana, já que cerca de um terço do café não torrado consumido nos EUA vem do Brasil.

No Brasil, a irregularidade das chuvas neste início de primavera também tem gerado grande preocupação no mercado. Segundo o Grupo Quinute e Barros, da região de Três Corações, no Sul de Minas, um dos principais polos produtores de café arábica do país, as precipitações acumuladas até 20 de outubro foram as menores dos últimos quatro anos.

Essa situação crítica compromete o pegamento das floradas, essencial para a produtividade dos cafezais. Igor Miari, engenheiro agrônomo do grupo, destacou que a região de Três Corações, Coqueiral, Três Pontas e Santana da Vargem enfrenta precipitações muito abaixo do esperado, o que tem impactado significativamente as lavouras. Ele explicou que houve duas floradas nos cafezais, uma no final de setembro/início de outubro e outra em meados de outubro, mas a falta de umidade e o calor intenso estão comprometendo o pegamento das flores. Miari alertou que é crucial que chova na próxima semana ou no início de novembro para evitar prejuízos irreversíveis.

Haroldo Bonfá, analista de mercado e diretor da Pharos Consultoria, destacou que, além da falta de chuvas, geadas ao longo do ano e ventos fortes recentes contribuíram para agravar ainda mais o cenário. Segundo ele, o clima pouco deve mudar nos próximos 10 a 15 dias, o que pode intensificar os impactos negativos, refletindo diretamente nos preços, tanto no mercado interno quanto na bolsa de Nova Iorque. Bonfá ressaltou que, embora o café arábica seja uma planta resiliente, as perdas de frutos já ocorridas são irreversíveis e que uma avaliação mais precisa do pegamento só será possível em meados de novembro.

Nas lavouras do Grupo Quinute e Barros, a safra atual de café sofreu uma quebra de 25% devido à seca dos últimos anos. Igor Miari explicou que este ano seria de safra cheia, mas a falta de chuvas resultou na redução da produtividade. A média geral de produtividade das três fazendas do grupo é de 34 sacas por hectare, mas o resultado de 2025, que ainda está em análise, ficará aquém do esperado.

Já em relação ao café colhido, assim como em outras localidades, a porcentagem de café de chão aumentou significativamente este ano, com algumas lavouras registrando até 40% em relação ao café do pé. Muitos produtores utilizaram o café de chão para completar o volume das sacas. Apesar disso, Miari afirmou que a qualidade da bebida dos cafés do grupo se manteve boa.

Por: Ericson Cunha

Fonte: Notícias Agrícolas

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