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Banco John Deere busca ampliar crédito rural após joint venture com Bradesco, diz CEO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Alex Ferreira diz que parceria busca aprimorar oferta de produtos financeiros para o agronegócio; Bradesco comprou fatia de 50% do banco no ano passado.

Banco John Deere busca ampliar crédito rural após joint venture com Bradesco, diz CEO |Parceria com Bradesco busca ampliar oferta de créditos e ampliar presença no financiamento da agricultura, construção e setor florestal

Bloomberg Línea – Há cerca de dois anos, o Banco John Deere convidou grandes instituições financeiras para explorar oportunidades de parceria no Brasil.

O Bradesco não apenas aceitou o convite para as negociações como foi além: propôs a aquisição de uma fatia de 50% dos negócios, o que deu origem a uma joint venture com a fabricante de máquina agrícolas, em um acordo assinado em agosto do ano passado.

A nova empresa agora iniciou sua operações em 10 de fevereiro, após aprovação do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

O objetivo da joint venture é expandir a oferta de Crédito para diferentes perfis de produtores rurais, segundo Alex Ferreira, CEO da joint venture, em entrevista a Bloomberg Linea.

Além de fortalecer as linha já existentes para pequenos agricultores, a parceria busca ampliar o acesso ao financiamento para médios e grandes produtores.

“O banco existe para apoiar os negócios da John Deere, com foco na agricultura, construção e setor florestal, que são as três principais áreas de atuação da companhia”, disse Ferreira

Mais de 80% da carteira do Banco John Deere está concentrada no setor agrícola. Com a joint venture, a instituição planeja expandir sua atuação para os segmentos de construção e florestal, alinhando-se á estratégia global da empresa americana.

O Banco John Deere opera por meio de uma modalidade considerada mais tradicional de financiamento, mas também já consolidada no mercado. Clientes, sejam produtores ou concessionárias modernização e adoção de novas tecnologias.

Mas o plano agora é diversificar as opções de financiamento, e ir além do modelo convencional e do foco exclusivo nos equipamentos. John Deere.

“A gente vê esse mercado em mudança nos últimos anos, na qual a agricultor vem se sofisticando com técnicas de agricultura de precisão, de uso de dados e centro de serviços compartilhados”, Disse o CEO.

Com 26 anos de trajetória na John Deere, Ferreira já ocupou cargos de destaque, como o de diretor financeiro e de crédito do Banco John Deere. Entre 2016 e 2024, também integrou o conselho do plano de previdência do Bradesco Multipensions, do qual a John Deere é participante.

John Deere oferece diferentes maquinários e soluções para o produtor rural, construção e florestal (foto: john Deere/ Divulgação) (Dan Videtich)

Ferreira observa que as linhas de financeiramente agrícola subsidiadas pelo BNDES vêm diminuindo para grandes produtores com o passar do tempo e esse processo foi notado também pela carteira de financiamento dos clientes da John Deere.

A migração de clientes para a carteira dos bancos, com instituições financeiras privadas ganhando mais espaço, se mostrou uma oportunidade para a companhia.

“Ao lado do Bradesco, queremos ser o banco do agricultor, e oferecer não apenas crédito para aquisição de equipamentos, mas também um portifólio completo de serviços financeiros”, afirmou o executivo.

A parceria permitirá, por exemplo, acesso a mecanismo como letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), nos quais o Bradesco já possui experiência.

“O cliente hoje procura diversas formas de se financiar com outro mecanismos. como LCA e CRA, e um grande banco como o Bradesco já atua nesta frente. Nosso deseja é trabalhar daqui para frente para ser o banco do agricultor, desse agricultor que compra o equipamento da john Deere e prover a ele o necessário de serviço financeiros”, disse o CEO da joint Venture.

Globalmente, a John Deere opera sua divisão financeira sob a marca John Deere Financial, com presença em diverso países, como Argentina e México.

No Brasil, a estratégia da empresa sempre esteve voltada ao fortalecimento da mecanização agrícola. O Banco John Deere, fundado em 1987 com sede em Indaiatuba, no interior de São Paulo, é resultado da evolução do antigo Agroinvest S.A

A joint venture com o Bradesco é um modelo exclusivo do Brasil. “O Banco Deere é uma subsidiaria local e, por isso, esta parceria só acontece aqui. disse Ferreira.

A companhia tem um histórico de investimentos no pais. Em dezembro de 2024, o vice – presidente sênior e CTO da John Deere, Jahmy Hindman, reforçou em encontro com jornalistas que o Brasil segue como uma prioridade estratégica do grupo, ao lado dos Estados Unidos.

Um exemplo desse foco é o centro de pesquisa e Desenvolvimento inaugurado em dezembro do ano passado em Indaiatuba, onde a empresa investiu R4 180 milhões.

Uma Parceria com a Starlink, de Elon Musk, com foco no Brasil, também foi desenhada no ano passado, com supervisão de entrar em operação ainda neste primeiro trimestre.

Além de expandir a oferta de crédito, a parceria com o Bradesco busca impulsionar a inovação tecnológica no braço financeiro da John Deere. Ferreira disse que um dos principais desafios dos bancos de fabricantes de maquinas é acompanhar a evolução digital das grandes instituições financeiras.

Com Bradesco, o Banco John Deere busca acessar novas tecnologias financeiras, e tomar a concessão de crédito mais ágil e eficiente. A meta, segundo ele, é proporcionar uma experiência digital mais fluida, simplificar processos e aumentar a competitividade da instituição.

“Somos um grande banco do agro, mas quando comparamos aos grandes bancos, somos pequenos. A gente concentra todos os riscos, as incertezas do custo de financiamento e o acesso á tecnologia. Foi então que começamos a entender as nossas dores do crescimento e como a gente poderia endereçar isso”, disse o executivo.

Maquinário para construção da Jhon Deere (Foto John Deere/ Divulgação) (Ogata Julio)

VISÃO DE LONGO PRAZO

O cenário do agronegócio apresenta desafios, como as altas taxas de juros, que impactam diretamente o custo de produção.

Ferreira diz que a Jhon Deere mantém uma visão de longo prazo, confiando no potencial do setor e, por isso, aposta em uma joint venture para reforçar a operação.

A presença da instituição seguirá o modelo atual, no qual os concessionários da Jhon Deere atuam como correspondentes bancários, para garantir a capacidade nacional.

Hoje, são 312 pontos de venda no Brasil: 266 agrícola, 30 de construção e 16 que atendem as duas linhas (agrícolas e construção).

O foco da nova fase, segundo Ferreira, é fortalecer o suporte aos clientes e concessionárias, e otimizar produtos e serviços financeiros para impulsionar o crescimento sustentável do setor.

Fonte: Bloomberg Linea

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